Na abordagem em questão da relação do fenômeno lingüístico com o espaço de fronteira é surpreendente ao fazermos um estudo das línguas a diversidades das diferenças lingüísticas que são apresentadas quando se passa de um país a outro (Brasi/Bolivia). Sendo que as divergências no tempo escapam na observação do pesquisador, mas as divergências quanto ao espaço físico, até os mais leigos em nosso povo em consciência de seu idioma acredita na superioridade de sua língua. Diante destes aspectos é, problemáticas quanto à influência do castelhano em nossa escolas, incentivei-me a fazer tal pesquisa.
De acordo com Ferdinand Saussure a coexistência de várias línguas dá-se num mesmo ponto. Que dois idiomas podem viver "lado a lado" em um mesmo local e coexistir sem serem confundidos. Segundo ele, em várias épocas nações se mesclaram e não confundiram os seus idiomas.
Nessa linha entendemos que em uma língua literária, toda língua culta, oficial, que uma civilização elege como convenção está na realidade cheia de mesclas dialetais. Quando se trata de usá-las no dia-a-dia, nas questões que envolvem nossa oralidade, na nossa comunicação em todos os setores da nossa convivência social, observamos claramente que as influências fronteiriças são fortíssimas na linguagem oral.
Sabe-se que a unidade lingüística da língua espanhola é um mito, pois na América Latina temos diferentes variedades de língua espanhola como por exemplo as línguas indígenas, as línguas trazidas pelos imigrantes de cada país e que cada uma tem o seu status social, mas que todas podem ser demonstráveis numa lógica lingüística, e que falar castelhano atualmente não significa falar errado senão diferente.
Nesse sentido Carlos Bagno afirma que a língua escrita não deve ser usada como camisa-de-força submetendo o iniciante desse aprendizado ao aprisionamento da língua falada, pois a língua falada nasceu centenas de milhares de anos após o homem ter iniciado a falar.
Também Ferrarezi Júnior (2000) destaca que há diversas variações lingüísticas coexistentes e que cada uma se adapta a um ambiente sócio-cultural diferente. Falamos a língua espanhola de maneira diferente a que escrevemos, no nosso caso de fronteira, pela influência do castelhano como variante lingüística, e que, como docentes, devemos instrumentalizar o estudante para comunicar-se no seu cotidiano, nos diversos ambientes socio-culturais e, ao fazer isso, ele se sinta sem culpa de usar a variante lingüística.
De maneira alguma podemos deixar de mostrar ao aluno que existe uma forma mais valorizada de comunicação e que dependendo do ambiente, ele para não sofrer discriminação deverá usar a forma do espanhol denominada culta.
Por tanto a escola deve instrumentalizar o aluno para o uso da norma culta do espanhol sempre que ele o necessitar. Na convivência escolar e na vida surgem diversas problemáticas causadas pelas diferenças entre a norma padrão do espanhol e as causadas pelas diferenças entre as variantes não-padrão, e o que parece acontecer é uma alienação de professores de espanhol que não percebem o que está acontecendo e de alunos principalmente os de descendência boliviana, que convivem em casa se comunicando em castelhano como variante não-padrão.
Uma proposta coerente é a abordagem de tratamento educacional conforme a realidade sociolingüística e sócio-cultural de cada comunidade para que cada um assegure sua emancipação como ser social participante.
Prof. Mestrando Angel Gabriel Andrade Aránguiz