quinta-feira, 22 de abril de 2010

Educação Diferencial em Séries Iniciais?

A mobilidade espacial é um processo histórico e se manifesta de diversas formas e seus reflexos são sentidos em vários setores da sociedade fronteiriça local. No Ensino Fundamental, sobretudo, a presença de alunos bolivianos, evidencia as lacunas do sistema brasileiro de ensino no que tange à abordagem de especificidades, ou seja, da diferença.
O Projeto Político Pedagógico da maioria das escolas de Guajará-Mirim não é preparado para atender essas especificidades, pois é preparado para alcançar a generalização, ou seja, a maioria dos alunos, sem evidenciar a presença do aluno "diferente"aos demais. As nossas pesquisas indicam que a escola brasileira da rede municipal não é preparada para atender o aluno estrangeiro e não adota medidas estratégicas para minimizar as diferenças conceituais, sobretudo, linguisticas e idiomáticas e de conteúdos programáticos, nem mesmo em localidades de fronteira, nas quais a migração de alunos bolivianos para a rede de ensino municipal brasileiro é uma realidade evidente.
A atual configuração das relações sociais contemporâneas exige, de todos nós, cada vez mais, uma educação integrada, multicultural e apoiada nos principios de igualdade e da democracia. Em um momento em que os espaços se unem rompendo fronteiras, através da evolução dos meios de comunicação, evidencia-se fortemente a interdependência planetária que busca globalizar as relações sociais, politicas e econômicas.
No entanto, esbarra muitas vezes nos aspectos culturais e, sobretudo, lingüísticos pois no processo da globalização afloram-se as identidades culturais mais definidas, estruturadas e tradicionais. Nesse momento, grandes desafios são postos à Educação dentro de um mundo cada vez mais multicultural, no qual o dia-a-dia escolar é marcado pela forte heterogeneidade de seu público. Assim, a manifestação dos processos globalizantes tem repercutido diretamente nos sistemas educacionais.
Ajudar a transformar a interdependência real em solidariedade desejada, corresponde a uma das tarefas essenciais das educação. Deve, para isso, a escola, preparar cada individuo para se compreender a sí mesmo e ao outro, através de um melhor conhecimento do mundo. Um desses processos que mais se retificam na globalização e afetam o sistema educacional nacional são as migrações internacionais. Retornando a épocas históricas e assumindo formas variadas, segundo as épocas e as regiões, estes grandes movimentos de população persistem na era moderna e irá, certamente, intensificar-se dado que a imigração em área de fronteira constitui no dia-a-dia uma realidade de interdependência planetária. O acolhimento reservado aos migrantes pelos países que os recebem e a sua própria capacidade de se integrarem no novo ambiente humano são outras tantas referências que permitem medir o grau de abertura de uma sociedade moderna em relação ao que lhe é 'estrangeiro' ou 'diferente".
Prof. Angel Gabriel Andrade Aránguiz

segunda-feira, 22 de março de 2010

Espanhol na Formação Educacional de Fronteira

Na abordagem em questão da relação do fenômeno lingüístico com o espaço de fronteira é surpreendente ao fazermos um estudo das línguas a diversidades das diferenças lingüísticas que são apresentadas quando se passa de um país a outro (Brasi/Bolivia). Sendo que as divergências no tempo escapam na observação do pesquisador, mas as divergências quanto ao espaço físico, até os mais leigos em nosso povo em consciência de seu idioma acredita na superioridade de sua língua. Diante destes aspectos é, problemáticas quanto à influência do castelhano em nossa escolas, incentivei-me a fazer tal pesquisa.
De acordo com Ferdinand Saussure a coexistência de várias línguas dá-se num mesmo ponto. Que dois idiomas podem viver "lado a lado" em um mesmo local e coexistir sem serem confundidos. Segundo ele, em várias épocas nações se mesclaram e não confundiram os seus idiomas.
Nessa linha entendemos que em uma língua literária, toda língua culta, oficial, que uma civilização elege como convenção está na realidade cheia de mesclas dialetais. Quando se trata de usá-las no dia-a-dia, nas questões que envolvem nossa oralidade, na nossa comunicação em todos os setores da nossa convivência social, observamos claramente que as influências fronteiriças são fortíssimas na linguagem oral.
Sabe-se que a unidade lingüística da língua espanhola é um mito, pois na América Latina temos diferentes variedades de língua espanhola como por exemplo as línguas indígenas, as línguas trazidas pelos imigrantes de cada país e que cada uma tem o seu status social, mas que todas podem ser demonstráveis numa lógica lingüística, e que falar castelhano atualmente não significa falar errado senão diferente.
Nesse sentido Carlos Bagno afirma que a língua escrita não deve ser usada como camisa-de-força submetendo o iniciante desse aprendizado ao aprisionamento da língua falada, pois a língua falada nasceu centenas de milhares de anos após o homem ter iniciado a falar.
Também Ferrarezi Júnior (2000) destaca que há diversas variações lingüísticas coexistentes e que cada uma se adapta a um ambiente sócio-cultural diferente. Falamos a língua espanhola de maneira diferente a que escrevemos, no nosso caso de fronteira, pela influência do castelhano como variante lingüística, e que, como docentes, devemos instrumentalizar o estudante para comunicar-se no seu cotidiano, nos diversos ambientes socio-culturais e, ao fazer isso, ele se sinta sem culpa de usar a variante lingüística.
De maneira alguma podemos deixar de mostrar ao aluno que existe uma forma mais valorizada de comunicação e que dependendo do ambiente, ele para não sofrer discriminação deverá usar a forma do espanhol denominada culta.
Por tanto a escola deve instrumentalizar o aluno para o uso da norma culta do espanhol sempre que ele o necessitar. Na convivência escolar e na vida surgem diversas problemáticas causadas pelas diferenças entre a norma padrão do espanhol e as causadas pelas diferenças entre as variantes não-padrão, e o que parece acontecer é uma alienação de professores de espanhol que não percebem o que está acontecendo e de alunos principalmente os de descendência boliviana, que convivem em casa se comunicando em castelhano como variante não-padrão.
Uma proposta coerente é a abordagem de tratamento educacional conforme a realidade sociolingüística e sócio-cultural de cada comunidade para que cada um assegure sua emancipação como ser social participante.
Prof. Mestrando Angel Gabriel Andrade Aránguiz

sábado, 20 de março de 2010

Vínculos da Orientação Escolar a respeito da Língua Estrangeira como meio de promoção profissional para a vida do aluno.

A Orientação Educacional, historicamente, afirmava trabalhar o autoconhecimento e o conhecimento do mundo.
Como é que nós orientadores faziamos? Utilizávamos questionários, testes, inventários para levantar informações sobre o aluno e limitávamos o conhecimento do mundo à informação profissional. O que era informação profissional? Nós colhíamos informações sobre as oportunidades do mercado de trabalho, sobre as características das profissões, e as passávamos para o nosso aluno, considerando ser isso o conhecimento do mundo. Alguns de nós tentavam compreender os limites que o mercado colocava para os nossos alunos e se isso era o "dado de realidade", com o qual trabalhávamos, no sentido, de que os nossos alunos fizessem escolhas "mais realistas".
Atualmente, nessa ótica chamada de transformadora, o conhecimento do mundo não é mais informação profissional, mas o conhecimento concreto do mundo no qual os alunos vivem, no sentido deles compreenderem como é que os diferentes grupos se organizam, se expressam, se comunicam, lutam, quais as estratégias de luta e de sobrevivência, que são estratégias diferentes para cada grupo social. Para isso é preciso que o orientador educacional conheça a dinâmica social, para que seus alunos venham a conhecer também o que lhes possibilitará, futuramente, fazer opções e se organizar enquanto classe. Neste âmbito a orientação vocacional representa uma escolha ou o exercício de uma profissão cujas atribuições privativas são já previstas na Legislação Brasileira.
Contudo, o Orientador Educacional deverá atuar na coordenação das atividades relacionadas ao desenvolvimento vocacional do aluno elaborando e integrando a atuação dos professores da área específica de Língua Estrangeira Moderna tendo como objetivo instrumentalizar os alunos que tenham aptidão para entender melhor uma segunda língua e queiram aprender mais a esse respeito afim de conquistar, futuramente, espaço no mercado de trabalho.
Assim, para ser executado este plano deverá ser desenvolvido desde as primeiras séries do primeiro grau, e não apenas em séries finais, isto porque a orientação vocacional deve ser conduzida como uma sucessão de experiências de aprendizagem em tomadas de decisão.
Desde as primeiras séries do primeiro grau, certamente, pode-se fazer o reconhecimento das profissões exercidas primeiramente na escola e nas famílias dos alunos e, em séries mais adiantadas desse grau de ensino, na comunidade e fora dela. Tais atividades devem contar com a colaboração dos profissionais da área de Língua Estrangeira Moderna.
Na escolha profissional devem ser aproveitados para a sondagem de aptidões artísticas vários recursos e/ou eventos que ocorrem na escola como: a encenação de peças, ensaio da banda e fanfarra, preparo de festas, festivais de música popular internacional, organização de coral, exposição de pintura, fotografia, esculturas, festas cívicas, etc.
Em qualquer série ou grau de ensino, desde que adequadamente planejada, podem ser organizadas visitas a empresas ou locais onde profissões são exercidas ou cursos são ministrados.
Uma estratégia bastante usada em Orientação Vocacional consiste em convidar pais ou diferentes profissionais da comunidade para que venham à escola a proferir palestras, coordenar debates ou dar entrevistas sobre suas profissões. O mesmo pode ser feito em relação a ex alunos que teriam a oportunidade de discutir, com os atuais, suas experiências com o trabalho exercido ou cursos frequentados na área de Língua Estrangeira Moderna.
Prof. Mestrando: Angel Gabriel Andrade Aránguiz

terça-feira, 16 de março de 2010

Educação à Distância

Caro amigo le eitor, estudando à distância ou em outra modalidade de ensino - Jovens e Adulto - podemos construir um futuro melhor e chegar ao objetivo de estabilidade econômica que temos largamente planejado.
É muito importante estudar e se preparar profissionalmente para o futuro tanto para os jovens quanto para os adultos da nossa região. Nesse sentido, amigo leitor, é bom aproveitar algumas das vantagens lingüísticas da geografia que oferece nossa região de fronteira Brasil/Bolivia.
A globalização, por sua vez, que nos exije aprimoramento e raciocínio lógico, e, atualmente, a premente necessidade do domínio e, sobretudo, fluência e desenvoltura que é tão importante na comunicação tanto oral como escrita, de uma segunda língua (Língua Esponhola) seja para fins de emprego ou de negócios na vizinha cidade de Guayaramerin/Bolivia. Torna-se então fundamental o estudo e o mais importante: persistência em adquirir cada vez mais novos conhecimentos para quem pretende evoluir intelectualmente e ter ascensão social. Porque é através da Educação que as pessoas adquirem conhecimentos práticos e concretos para a vida.
A nossa Carta Fundamental propõe em seu texto que cada município deverá prover cursos presenciais ou a distância para pessoas de todas as idades insuficientemente escolarizadas, suprindo assim uma necessidade básica.da pessoa
"A educação é um direito de todos e, será incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".
A este conjunto de processos de formação das pessoas que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa científica, nos movimentos sociais, organizações da sociedade civil e suas manifestações culturais, deve-se acrescentar o otimismo, a superação constante que faz com que o indivíduo chegue a atingir seus mais diversos objetivos, permitindo-lhe desenvolver o próprio país, garantindo a cidadania (mínima formação).
A vantagem da educação à distância é permitir ao cidadão iguais condições com aquelas pessoas que não tiveram acesso à escola colocando-as em um desafio pessoal de conseguir superar as suas dificultades de aprendizagem logicamente coma construção desse futuro melhor.
Através do estudo à distância, o aluno jovem ou adulto, vai certamente alcançar as metas desejadas com mais satisfação, garantindo-lhe a formação e estabilidade econômica.
Este é o pilar fundamental de quem pretende chegar a ser um excelente profissional futuramente. Portanto, caro leitor, precisamos, cada vez mais, confiar na nossa capacidade para vencermos os desafios escolares.
Prof. Angel Gabriel Andrade Aránguiz
Pedagogo

segunda-feira, 15 de março de 2010

A corrida pelo domínio de uma Língua Estrangeira Moderna

Nada destrói um curriculo como a expressão "Inglês/Espanhol básico". Atualmente, na maioria das profissões, o domínio de um idioma estrangeiro sempre contou pontos no Curriculo Vitae.
Antigamente, nas empresas, eram poucos os funcionários que dispunham dessa vatagem, e eles recorriam aos colegas quando precisavam traduzir uma palavra ou um texto. Esse mundo evidentemente, ficou para trás.
Falar outra língua, principalmente o inglês ou o espanhol tornaram-se uma obrigação para quem pretende subir socialmente na vida. A novidade é que já não basta falar o idioma. A exigência nos bons empregos, atualmente, é que se tenha fluência ao usá-los para conversar.
Tropeçar nas palavras, gaguejar em busca da expressão correta, exibir um sotaque incompreensível - tudo isso faz parte de um tempo romântico em que era divertido falar portunhol com osargentinos e os americanos que achavam pitoresco o esforço dos brasileiros para negociar no idioma de shakespeare.
A corrida em busca da fluência em outra língua pode ser medida pela quantidade de brasileiros que viajam para o exterior com o fim especifico de estudá-la. Segundo dados da Brazilian Educational & Language Travel Association (B.E.L.T.A.), associação que reúne as principais instituições que trabalham em cursos, estágios e intercâmbio em outros países 120.000 brasileiros viajaram com esse objetivo em 2008.
Prof. Angel Gabriel Andrade Aránguiz
Pedagogo

sexta-feira, 12 de março de 2010

Preconceito, Cultura, Educação e Desenvolvimento Local

Durante o Segundo Cíclo da Borracha (década de 40), migraram para o Estado de Rondônia muitos nordestinos para trabalhar na extração do látex.
Devido ao excedente de mão-de-obra, trabalhadores foram recrutados para esse fim. Ao chegarem á região, trouxeram seus hábitos, costumes e formas típicas de expressão. Em Guajará-Mirim, muitos desses trabalhadores amasiaram-se com descendentes de escravos, índios e bolivianos, dando origem a uma miscigenação diferenciada.
Guajará-Mirim encontra-se geograficamente situada ás margens do Rio Mamoré e faz fronteira com Guayaramerin - Bolivia, não é tão somente uma das portas da Amazônia Ocidental, mas também, o "berço cultural de Rondônia". Seus primeiros imigrantes, oriundos de várias partes do mundo, chegaram a essa cidade atraídos pela oportunidade do extrativismo da borracha (uma das riquezas da região), assim como da colheita da castanha do Pará e proporcionaram à Pérola do Mamoré dias de verdadeira glória econômica. Os pioneiros contribuiram decisivamente para o progresso da região e deram a Guajará-Mirim a miscigenação de que é composta nossa população.
Dessa maneira, as diversas influências, que os imigrantes nordestinos trouxeram para a cultural local, foram: a culinária, a música, a dança, o folclore e vocabulário. Por sua vez e, devido à proximidade de Guajará-Mirim com a República da Bolivia, muitos migrantes daquele país trouxeram também sua cultura e costumes refletidos através da música, festas religiosas, dança, culinária e forte influência de vocabulário.
Desse modo, essas características particulares, adquiridas através do tempo, influenciaram fortemente até os dias atuais os costumes e cultura local a ponto de estabelecer estreitas relações de interferência lingüística entre a Língua Portuguesa e a Língua Espanhola, a partir dai originando uma outra modalidade que podemos chamar de portunhol.
Essa interferência lingüística tem assumido, na população local, gradativamente, diversas dimensões na comunicação das pessoas no âmbito social podendo ser visto pela sociedade, muitas vezes, com preconceito, o que contribui fortemente para o não desenvolvimento cultural dos povos envolvidos. Essa convergência lingüística leva-nos a penar e refletir profundamente na relevância que assume na Educação, na era da globalização, o processo de aprendizagem da língua espanhola, sobretudo em área de fronteira.
Assim, Guajará-Mirim, além de tornar-se abrangente culturalmente, é privilegiada por constituir-se em berço da cultura rondoniense.
Prof. Angel Gabriel Andrade Aránguiz
Pedagogo